quarta-feira, 4 de maio de 2016

ERA UMA VEZ UNS OVITOS - Arthur Santos

Era uma vez uns ovitos que se soubessem para o que estavam guardados tinham ficado tranquilamente no cu da galinha, passe a expressão ordinária mas como foram atrevidos saíram e pronto traçaram o seu destino macabro.

imaginem que ainda era novinhos e partiram-nos logo, nem chegando a viver a sua infância quanto mais a adolescência e para agravar a situação, dividiram-nos ao meio, gemas para um lado e claras para o outro e sem direito a reclamações.

depois disto ainda torturaram as gemas, fazendo-as passar por uma peneira e era ouvir os gritos das coitadas mas não havia nada a fazer, quem lhes fez isto deixou-as depois a repousar enquanto foram preparar o resto da tortura que constava de um banho de água, açúcar e gotas de baunilha.

as gemas em repouso olhavam tudo aquilo com um ar inquieto, ignorando o que lhes ia acontecer a seguir, passando da inquietação ao terror, porque o tal banho acabou de ir para o lume. era assim um banho a ferver.

nessa altura obrigaram as pobres gemas a passar por um funil estranho de três buracos muito estreitinhos, saindo pelo outro lado desse estranho instrumento em fios que mais pareciam linhas de coser trapos…

as pobres gemas caiam assim no banho quente, sendo logo agitadas por uma colher de pau em movimentos circulares e nunca chegaram a perceber para que servia esse ritual… só sabiam que ficaram pouco tempo no banho, vá lá e eram logo retiradas com um garfo, para um sitio onde ficavam a escorrer, o que as aliviou bastante depois daquele banho a escaldar e mais aliviadas ficaram quando as colocaram num tabuleiro e lhes deram novo banho mas desta vez com água gelada.

começaram a pensar que os humanos eram a espécie mais doida e estúpida que podia existir mas como já tinham concluído, estavam nas mãos deles e não podiam fazer nada.
a estupidez aumentou quando depois do banho gelado, ainda levaram com uma colherada do tal banho quente... merda então isto não pára? Não, não pára.

de novo veio o tal garfo que afastou uns dos outros os desgraçados fios em que as gemas se transformaram  e de novo os obrigaram a escorrer toda a humidade que tinham ganho com toda a tortura a que foram submetidas.

no final ainda houve uma voz masculina que berrou: então ninguém rega isto com um pouco de rum?
felizmente para elas não havia rum na casa, escapando desse modo a uma bebedeira de caixão à cova mas eu disse escaparam?

Não, não, infelizmente não escaparam, de repente apareceu um garfo por cima delas e….
ainda escorregavam por um túnel escuro e húmido quando ouviram uma voz distante:

DELICIOSO!!!!
Depois... silêncio total…

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