domingo, 24 de setembro de 2017

2 POEMAS de Jorge Castro
























AO JOSÉ AFONSO
Por vezes
Um herói faz-se a cantar
No espanto doce e leve
De iluminar a cidade
E recordar o tempo à vida
Em acordes de esperança
Por vezes ele é a dança
É a razão
Encantada
De uma balada que abala
O torpor em contradança
Por vezes ele é sorriso
Ironia que desarma
O medo de arma em riste
Sorriso que faz o triste
Ser alegre de coragem
É a flauta encantada
É nau de outra viagem
Que traz ao povo a alegria
De cantar em romaria
Com bandeiras desfraldadas
Bandeiras da paz
Do pão
E do nome que ele tem
Que um povo sem ter nome
Pode bem morrer à fome
E há-de chamar-se Ninguém

Cântico a Catarina
Suor e sangue num grito
Menina que o medo mata
E que o vermelho desata
Nas papoilas da campina
Ou lagos de breu no céu
Bairro negro do menino
Com olhos de estrela de alva
Deixai-o que é pequenino

Zeca amigo
Está contigo
Um povo desperdiçado
Que se perde em triste fado
Mas colhe em tua voz abrigo

Seja a voz de quem trabalha
No som ritmado dos passos
Contra vampiros de palha
Nascente em vila morena
Que entre nós criou os laços
De saber quem mais ordena
De saber que vale a pena
Entrelaçar nossos braços
Fazer da vida um poema
Dourado em Maio maduro
Dentro de um coração puro
Cheio de vida para dar

... Que por vezes um herói
Também se faz a cantar.



NESTE NATAL...
neste Natal
que ressalta
no sobressalto em que passo?

não me dês as boas-festas
que talvez te façam falta…
empresta-me o teu abraço
e relembremos as gestas
onde em nós luzia apenas
alguma estrela no olhar
onde eram tão pequenas
as prendas feitas de afectos
entre os avós pais e netos
mas tão grandes no cuidar
prendas tão mais solidárias
conjugando a vozes várias
as formas do verbo amar

neste Natal sem poesia
dá de ti tão simplesmente
o que de bom tens p’ra dar

esse abraço
a companhia
e muito principalmente
a alegria sempre urgente
que tu possas partilhar…   
 

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