áridos, secos lábios,
gretados, amorfos, sem cor...
são a boca do temor,
das mãos que já estão em dor,
p'ra dividir pão em pratos...
cada vez mais reduzida,
a dose bem repartida,
deixa-lhe a Alma sem vida
o coração feito em cacos...
deixa-lhe a Alma sem vida
o coração feito em cacos...
beijo de mãe alimenta,
quando a fome salienta,
a penúria dos abraços,
mas não dá p'ra crescer vida,
o amor não dá guarida,
mas não dá p'ra crescer vida,
o amor não dá guarida,
na barriga gritam espaços...
crianças têm que ter,
mesa farta, o que comer,
são o futuro da Terra...
são o futuro da Terra...
que esperamos p'ra fazer
o futuro acontecer,
vamos ter que fazer guerra...
vamos ter que enfrentar,
vamos ter que fazer guerra...
vamos ter que enfrentar,
o poder já secular,
que nos pobres sempre ferra!!!
que nos pobres sempre ferra!!!
já não temos muito tempo,
neste tempo que é tão lento,
que teima em não renascer,
temos bocas p'ra comer,
temos bocas p'ra comer,
e a dispensa está vazia,
faltam risos de alegria
faltam risos de alegria
e crianças a correr,
já é tarde neste dia,
já é tarde neste dia,
ontem também já seria,
amanhã, vai ter que ser...
se este povo não desperta,
amanhã, vai ter que ser...
se este povo não desperta,
a porta vai estar aberta,
para o futuro morrer...
para o futuro morrer...
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