SEM PÃO
Tristonho, cabisbaixo
Na vida sem sentido,
Segue, rua abaixo,
Um homem perdido
Quem é o homem
Que vai pela rua?
Que mágoas o consomem?
Será a sua vida como a tua?
O Homem que passa
Pela rua, sem alento
É a imagem da ameaça
Da vida sem alimento.
É um chefe de família
Que teve uma quezília
Com o patrão
Por isso perdeu o pão.
Quem pensa nele?
Na sua família?
Fatos a mostrar a pele…
Só por uma quezília!
Estômagos vazios de pão.
Sem calor, sem fé.
A família cai na podridão,
Deita-se sem pão, levanta-se
sem café.
NO REFEITÓRIO
I
Há um certo furriel,
Que em certos dias,
Faz um grande cartel
Com as suas manias.
II
Quando há “rancho melhorado”
Lá anda ele todo atarefado,
Com o pessoal todo contado,
Não vão lá comer mais um
bocado…
III
Mas o que eu gostava de ver,
Era que esse furriel
Fizesse o mesmo papel
Quando não presta o comer.
IV
Que ele fizesse barulho
E se armasse em esquisito
Quando se come feijão com
gorgulho
E “Sopa de Mosquito”.
É A VEZ DA POESIA
É a vez da poesia
Vamos então cantar
A vida, amor, alegria
Ou ler, ouvir, declamar.
Vamos cantar versos à lua
Ao sol, ao vento ao mar
Que a poesia está na rua
Com o Povo a respirar.
Poesia de liberdade,
De Sofia, Pessoa ou Ary
Que diga a verdade
Hoje, agora, aqui.
POMBO
Sou um pombo lisboeta
Que voa pela cidade,
Ouvindo muita treta
E alguma verdade.
Voando pelos telhados
Vi vampiros sanguinários,
Tipos maus e falhados
Prenderem operários.
E pelas minhas voltas,
S’o vento era de feição,
Olhei muitas revoltas
E vi a Revolução.
Vi a alegria do Povo,
A esperança que prometia
Um mundo novo
E ‘inda não é dia
A festa foi linda,
A Liberdade ficou.
Muito falta ainda
Ou alguém se enganou?
DOIS PÁSSAROS A NAMORAR
Agora q’estava aqui
Pensativo e a olhar
Eis então o que eu vi:
Dois pássaros a namorar.
Iam de ramo em ramo
Contentes a chilrear
A dizer “eu te amo”.
E isso eu quero cantar.
Lembrei-me d’outra era
Do nosso amor antigo
Era tempo de Primavera
E namorava contigo.
Mas que bela recordação
Aqueles pardais trouxeram:
O bater do coração
E os beijos q’se deram.
Que belas palavras, são sempre capazes de me arrancar um sorriso.
ResponderEliminarNuma época em que a narrativa é feita quase somente de prosa jornalística, sabe sempre bem dar de caras com simpática poesia.
ResponderEliminarÉ-me sempre agradável, a leitura de poesia e mais ainda, quando nasce de fonte amiga. Que essa alma de poeta, continue a ser bafejada pelas musas. Um abraço.
ResponderEliminarMuitos parabéns SRº Victor! Gostei muito dos seus poemas! Já tinha lido o seu trabalho em prosa, mas a poesia também não lhe fica atrás.Obrigada por esta surpresa. Beijinhos para si e para a Luxa.
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